Toda vez que conversamos sobre temas como preconceitos, pré-julgamentos e pessoas que avaliam a vida alheia de modo parcial e, portanto, injusto, automaticamente nos deixamos de fora da conversa, como se nunca fizéssemos isso; somente ‘os outros’.
As abordagens preferidas para este tipo de conversa são as que se referem a religião e opção sexual. Somos os primeiros a nos identificar como imparciais, sabedores do quanto devemos respeitar as diferenças e não julgar as pessoas. Entretanto, sabemos que a verdade não é bem essa.
Fazemos julgamentos, sim! Falamos da vida alheia, sim! Somos, muitas vezes, preconceituosos, sim! Por isso, penso que mais do que abolir este comportamento de nossa rotina, deveríamos aproveitá-lo para refletir sobre o quanto também nós podemos ser ‘alvos’ de conversas como estas.
Afinal de contas, cada um julga a partir de suas próprias crenças. Assim, conceitos como ‘certo’ e ‘errado’ são imponderáveis e absolutamente pessoais. Claro que existe uma ética maior e que ela reza ‘respeitarmo-nos uns aos outros, sem que nos destruamos’. Assim, a dica é: antes de condenar o outro, tente, por um instante que seja, colocar-se no lugar dele e entender que as atitudes de cada um têm apenas um objetivo – ser feliz!”
Em qual religião? Não sei. Cada um tem a sua! Deus é uma Luz de Amor. Como é que eu ou você poderíamos dizer que o “meu” Deus é mais Deus que o “seu”?!? Não seria megalomania demais? Não seria tentar enxergar um todo que só Ele pode?!?
Com qual opção sexual? Também não sei. Se tão pouco sabemos sobre nossas próprias angústias e contradições internas, como é que poderíamos julgar e condenar o outro? Por que nos consideraríamos donos de uma resposta absolutamente certa para todos se não conhecemos as razões de cada um?!?
Estas ponderações são frutos do quanto me tocaram os premiados filmes “O Segredo de Broke Back Montain” e “Orgulho e Preconceito”, que tratam sobre amor, solidão e opções sexuais; e também de uma experiência muito rica vivida em minha própria casa, depois de assistirmos “Mar Adentro”, que trata de vida, morte, Deus e escolhas pessoais.
Pude notar, ao participar de discussões sobre esses filmes, o quanto nos perdemos em razões sem fundamento, em certezas que não existem, em respostas que não são as nossas quando tentamos julgar as pessoas. O quanto avaliamos o segredo das pessoas nos esquecendo dos nossos.
Quem nunca teve um segredo? Quem nunca se deparou com um sentimento tão íntimo, tão difícil e tão seu que não soube como e com quem compartilhar? Quem nunca teve medo de ser julgado por conta de uma escolha?
Torço para que consigamos nos livrar desta mania de colocar rótulos nas pessoas como se elas fossem aquilo. Palavras... apenas palavras. O que realmente importa, o conteúdo de cada um, está muito além delas.
Leo Buscaglia escreveu:
“Basta você ouvir um rótulo para pensar que sabe tudo sobre uma pessoa. Ninguém jamais se dá ao trabalho de dizer: ‘Ela chora? Sente? Entende? Tem esperanças? Ama os filhos? Palavras...”.
Que ninguém atire a primeira pedra, porque no lugar mais íntimo do nosso coração, todos nós temos segredos. E que esta compreensão sirva para nos tornar pessoas bem maiores do que temos sido!
Rosana Braga
"Na vida todos temos um segredo inconfessável, um arrependimento irreversível, um sonho inalcançável e um amor inesquecível.”
(desconhecido)
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