quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Madeleine Vionnet
Madeleine Vionnet nascida em 1876, numa família simples, abandonou a escola aos doze anos e depois foi aprendiz, dedicando-se ao ofício do corte em Paris. No entanto, aos dezasseis anos foi para Londres onde trabalhou como lavadeira, pouco tempo depois casou-se, casamento que não durou muito tempo e do qual nasceu uma filha que acabou, em pequena, por morrer.Após a morte da sua filha, Vionnet dirigiu aos vinte anos o atelier de Kate Reilly. Voltou a Paris em 1900 e empregou-se na Soeurs Callot, uma famosa casa de moda. Tornou-se grande amiga da irmã mais velha, Marie Callot Gerber, gerente da secção artística da casa de moda, a quem Vionnet se sentiu sempre agradecida, pois foi ela que a impulsionou e lhe ensinou a arte do corte da alta-costura.
Teve em 1907 a tarefa imposta por Jacques Doucet de reinventar o estilo da sua casa de moda, com isto, Vionnet encurtou as bainhas e substituiu os espartilhos, mudança que não foi do agrado das mulheres em geral. Foi então que decidiu criar a sua empresa, apenas possível em 1912, devido a Guerra e com a inauguração do seu negócio iniciou-se o seu sucesso no mundo da moda.
Com o objectivo de manter no corpo feminino a sua beleza natural, Vionnet estudou meticulosamente a anatomia feminina, e então para que o vestido se ajustasse á silhueta do corpo, em vez do corpo se ajustar à moda, como até então se tinha imposto, começou por colocar costuras hábeis. Ia modelando os seus trabalhos numa boneca de madeira, o que permitia ajustar os materiais à silhueta da boneca e assim descobrir a maneira mais favorável de o transpor para a silhueta do corpo. Primeiramente criou os drapeados, seguidamente o corte em viés, que Vionnet revolucionou usando no vestido e não somente em golas. Também desenvolveu os seus cortes de mais elevada qualidade partindo de formas simétricas básicas, como quadrados e triângulos.
O tecido, pelo mesmo motivo de moldar o corpo feminino, ganh ou grande importância para Madeleine Vionnet, que apenas usava seda, cetim, veludo, e musselina. Foi desenvolvido especialmente para Vionnet, em 1918, um tecido com o nome crepe rosalba, composto de seda e acetato que se tornou uma das primeiras sedas sintéticas.
Modelo de Madeleine, 1931
No entanto, a cor não teve um papel importante na sua obra. Para Vionnet o branco chegava, dando aos seus vestidos uma simplicidade semelhante à Antiguidade Grega e para manter esta simplicidade usava como adornos nós estilizados, bordados ou rosas que também, para além de adornos, sustinham o tecido de modo a que as costuras fossem prescindíveis. De modo a não tornar os vestidos pesados, Vionnet fazia os bordados a seguir a direcção dos fios para se adaptarem aos movimentos do corpo.
Por saber que as suas criações meticulosas eram únicas, Vionnet protegia-se das cópias documentando todos os seus modelos com fotografias de frente, de perfil e de costas, e depois colocando-as no seu livro de «direitos de autor». Documentou setenta e cinco modelos que hoje fazem parte da colecção da Union Française des Arts du Costume (UFAC). Madeleine Vionnet preocupava-se com a justiça, e antes de ser obrigatório já esta tinha inscrito os seus trabalhadores na segurança social e achava necessário pausas curtas durante o dia de trabalho, subsídio de férias e apoio médico.
A casa de moda de Vionnet viu-se obrigada a fechar em 1934 com o continuar da guerra, e quase caiu no esquecimento não tendo voltado a criar roupa. Morreu em 1956, no entanto a sua visão sobre a moda, embora tardiamente, é hoje reconhecida como indispensável, e os grandes criadores sabem que foi com Vionnet que «a arte da alta-costura alcançou um nível tão elevado». Ela foi a criadora dos vestidos com ombros desnudados que fizeram o glamour de Hollywood e também é criadora do corte em viés e dos drapeados, cortes complexos e de elevada técnica que apenas foram compreendidos pelo artista do corte, Azzedine Alïa.
Doou os seus «livros de direitos de autor» e vários modelos originais ao Musée de la Mode et du Textile de Paris, entre eles o seu célebre vestido de noite cor de marfim que é considerado uma obra-prima, em que a sua forma perfeita é sustentada apenas por uma única costura. Este foi o objectivo maior de Madeleine Vionnet, que ninguém ainda conseguiu igualar, fazer da moda uma obra de arte.
Retirado do site: A moda do século XX
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