terça-feira, 28 de julho de 2009

O PODER DAS PALAVRAS ...

Certa vez, dois homens doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os bons fluidos circulassem nos seus pulmões. Sua cama estava junto da única janela do quarto.

O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas, eles conversavam horas e horas. Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias...

Todas as tardes, quando o homem que estava na cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever para seu companheiro de quarto, todas as coisas belas que ele conseguia ver do lado de fora.

O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era animado por toda a atividade e cor do mundo do outro lado da janela; enquanto um se sentava para que os bons fluidos circulassem pelo seu corpo, o outro se abastecia de esperança para um dia melhorar e também poder olhar para o lado de fora da janela.

O homem que sentava na janela dizia que do lado de fora tinha um belo parque com um lindo lago, ele falava dos cisnes que nadavam com os seus filhotes, dizia que as crianças brincavam com os seus barquinhos, casais de namorados e famílias caminhavam de mãos dadas por entre as árvores.

Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia a beleza da paisagem do lado de fora com os mínimos detalhes, o homem na cama ao lado fechava os seus olhos e imaginava a beleza da cena que era descrita por seu companheiro.

Um dia, o homem que sentava na janela descreveu um desfile que estava passando. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor retratava a cena através de palavras com todos os detalhes.

Dias e semanas se passaram, uma manhã, a enfermeira chegou no quarto trazendo água para dar banho nos pacientes e para sua surpresa encontrou o homem que deitava na cama perto da janela morto, tinha falecido, enquanto dormia. Ela ficou triste e pediu ajuda dos seus colegas para que levassem o corpo.

Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem que apresentava significativas melhoras, perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse sim e fez a troca.

Antes de deixar o quarto, a enfermeira observava que o homem apresentava sinais de dores pelo corpo, mas mesmo assim se movia lentamente com muito esforço, mas cheio de esperança de ver a beleza do mundo do outro lado da janela, ele ergueu-se, apoiado nos cotovelos, para contemplar o mundo lá fora.

Quando olhou pela janela... percebeu que, do lado de fora tinha apenas uma parede de tijolos! Então, ele perguntou para a enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas, olhando para uma parede de tijolos.

A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede, mas acreditava que ele quisesse lhe transmitir esperança e coragem..., pois ele sabia que as suas chances de se recuperar eram melhores que a dele, e ele também conhecia o poder das palavras.

(desconhecido)


“O Homem é do tamanho do seu sonho.”

(Fernando Pessoa)

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